terça-feira, 31 de outubro de 2017

Esqueçam as panelas. Elas continuarão mudas


A esquerda precisa parar de exigir da turma do Fora Dilma as mesmas alegorias que eles fizeram durante o processo do impeachment. Já está mais do que claro que a revolta da classe média era contra o resultado das eleições de 2016 e não contra a corrupção. Ademais foi o peculiar canto de suas le creusets que promoveram o Sr. Mesóclise de vice decorativo a presidente inimputável. Não dá para reclamar muito de um subproduto das próprias reivindicações. As panelas não vão soar novamente, não importa o quanto isso seja cobrado.

O sentimento de frustração por ter perdido as eleições e o ódio ao PT uniram a direita brasileira em torno do objetivo comum de derrubar Dilma Rousseff. Pequenas divisões internas e diferenças ideológicas não atrapalharam a unidade de um movimento que tomou corpo e se mostrou coeso na maioria do tempo. No entanto esse movimento não se voltará contra Temer. A maioria daqueles que se rebelaram contra Dilma, aprovam as reformas plutocratas do atual governo e consideram Temer um mal necessário. Os reincidentes casos de corrupção parecem não afetar esse julgamento.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Articulações, Costuras e Negócios


Que o boêmio Senador Aécio Neves está por trás das escolhas e indicações dos relatores para a CCJ – comissão de constituição e justiça e de cidadania – não é novidade para ninguém que esteja em sã consciência. Os Deputados federais Bonifácio Andrada e Paulo Abi-Ackel, ambos do PSDB mineiro, são do grupo de Aécio. Andrada está no 10º mandato; e Abi-Ackel no 3º mandato, ambos, tem algo em comum: pouco se importam ou pouco se importaram, em todos esses anos, quando o assunto é direitos trabalhistas. Votaram pela terceirização irrestrita, pela (de) forma trabalhista ou qualquer outro projeto que seja a favor do “deus mercado”. A equação é bem simples: Aécio articulou e costurou a salvação de Temer, e por sua vez, Temer costurou e articulou a salvação de Aécio. O acordo entre PMDB e PSDB, envolve a bagatela de 200 milhões em liberação de emendas parlamentares, o que teria garantido a sobrevivência de ambos. Como diz o axioma popular; ‘uma mão lava a outra’, neste caso as duas estapeiam a face da nação.

Na primeira denúncia contra Temer, por corrupção passiva, o relatório do deputado Paulo Abi-Ackel, do PSDB mineiro, que foi a favor do arquivamento da denúncia, o resultado foi 41 votos a favor de Temer e 24 contra. Já a segunda denúncia, por organização criminosa e obstrução de justiça, o placar foi 39 votos a favor do arquivamento da denúncia, contra 26. Agora a decisão vai para a Câmara que dará a palavra final, é aí que porca torce o rabo.

Gentili e 4chan: como a deturpação do humor está reinventando a extrema direita.



Em agosto desse ano, a cidade americana de Charlottesville, Virgínia, ganhou as manchetes do mundo todo por sediar um protesto de suprematistas brancos. O evento ficou marcado por imagens chocantes como saudações nazistas, tochas de fogo (em alusão a Ku Klux klan), além de muito racismo e antissemitismo. Entre os organizadores estava Richard Spencer,um dos maiores expoentes da denominada Alt Rigth, grupo de extrema direita, que apoiou a campanha de Donald Trump e possui, atualmente, representantes em seu governo. A Alt Rigth se apoia em princípios radicais: são antifeministas, anti-imigrantes, antisemitas , islamofóbicos e supremacistas. “Sou nazista sim”, afirmou um homem à reportagem da BBC que cobria a manifestação em Charlottesville. Esse grupo teve seu embrião em um site de humor politicamente incorreto há cerca de uma década: o 4chan.

O 4chan é um site, fundado em 2003, onde os usuários fazem postagens e comentários sempre de forma anônima, em formato de fórum. Com o tempo, as postagens, sempre encobertas pelo anonimato, começaram a tornar contornos anárquicos e um novo tipo de humor nasceu por ali. Os memes de internet como os conhecemos e até o os influentes “anonymous” são fenômenos surgidos no submundo dos fóruns do 4chan. Aos poucos os usuários foram se organizando e realizando encontros presenciais cada vez mais frequentes. O site começava a se tornar um movimento político.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

A empresa reaça de tecnologia que elegeu Trump chega ao Brasil, de olho em 2018


Uma empresa de inteligência artificial, que garante ser capaz de ler a cabeça de milhões de pessoas em tempo real, está protagonizando uma verdadeira revolução conservadora no mundo. Este poderia ser o roteiro de um capítulo da série de ficção científica Black Mirror ou parte de um futuro distópico imaginado por George Orwell, mas é exatamente o que tem ocorrido com a empresa de big data Cambridge Analytica. A empresa, que trabalhou nas campanhas vencedoras do Brexit e de Donald Trump, instalou uma operação no Brasil visando as eleições de 2018. E já parece ter o candidato ideal por aqui.

O fundador e maior acionista da Cambridge é o bilionário norte-americano Robert Mercer, conhecido, entre outras coisas, por ter reinventado Wall Street com o uso de inteligência artificial e por ser um dos maiores financiadores de projetos de ultradireita nos EUA, além de sua notória amizade com o presidente do país. O big data da empresa funciona basicamente com armazenamento, processamento e análise de dados em tempo real, o que permite ter um conhecimento assustadoramente aprofundado sobre seu campo de interesse. Em seu próprio site, a Cambridge garante possuir mais de 5 mil dados de 230 milhões de eleitores norte-americanos. No entanto, eles não revelam como exatamente utilizam esses dados e qual é sua metodologia de aplicação.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

A fantástica imunidade branca de Aécio Neves


Nada, absolutamente nada, deveria deixar o brasileiro mais chocado que a ampla imunidade concedida ao longo dos anos a Aécio Neves (PSDB/MG). Nem mesmo tragédias recentes, como o golpe parlamentar, o bunker de Geddel e o fatídico 7x1 para a Alemanha adquiriram contornos tão surreais e inacreditáveis como a insistência de nossos sistemas jurídico e político em safar o senador tucano. Na próxima terça-feira, 17, o Senado deverá concluir mais um vergonhoso capítulo iniciado, de forma vexatória pelo STF, no último dia 11: devolver o mandato de Senador a Aécio. O processo será ainda mais bizarro, caso a Casa vote de forma secreta. Tratando-se de Aécio, é pagar para ver.

sábado, 7 de outubro de 2017

Uma perseguição ideologicamente falsa

Meses atrás, o MPF, por meio de seu membro-celebridade Deltan Dallagnol, afirmou ter “convicção” da culpabilidade de Lula em uma bizarra apresentação de Power Point, onde não foram apresentadas provas de nenhuma sorte. A imagem do slide do atrapalhado procurador viralizou na internet e se tornou símbolo maior do esforço desmedido (e, por vezes, descabido) de prender o ex-Presidente líder de pesquisas eleitorais. Essa semana, o MPF voltou a utilizar um termo que reforça a falácia de uma culpabilidade sem provas e confunde o cidadão (e eleitor) menos atento: segundo eles, os recibos apresentados por Lula seriam sem dúvidas “ideologicamente falsos”.


 Os recibos em questão dizem respeito ao apartamento vizinho ao do que mora Lula atualmente em São Bernardo do Campo (SP). Segundo o MPF, Lula seria o real dono do imóvel, que haveria sido adquirido pela construtora Odebrecth como contraprestação de favorecimentos em contratos. Inicialmente, é importante frisar que não foi encontrada nenhuma ilicitude de fato nos documentos apresentados pela defesa: as assinaturas de Glaucos da Costamarques conferem com a original e estão direcionadas à Dona Marisa, responsável legal pela locação. Até onde se sabe, os documentos são materialmente autênticos e não foram forjados.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

O pior da política brasileira é o MBL


De todas as representações empresariais, partidárias e midiáticas que protagonizam influência política no Brasil pós-golpe, nenhuma é tão maléfica e potencialmente perigosa para a nação como o Movimento Brasil Livre. A organização, criada em 2014, atuou de forma incisiva na deposição de Dilma Rousseff, atacou os movimentos negro, feminista e LGBT e censurou exposições artísticas.  Mas, com milhões de seguidores nas redes sociais, financiadores ocultos e interesses escusos, o movimento político pode causar um estrago ainda pior se não for combatido. O MBL é o fio condutor do ódio da classe média, das políticas plutocratas e do fascismo no país.

O movimento, que se define como liberal, atua, na verdade, como a principal voz do conservadorismo brasileiro. Apoia os parlamentares evangélicos, ruralistas e empresariais, trava uma verdadeira cruzada contra o movimento LGBT e, apesar de se dizer apartidário, recebe recursos de partidos de direita e promove o ódio contra os partidos de esquerda, sobretudo o PT. O conservadorismo do MBL – assim como seu poder influência na opinião pública - chegou ao ápice ao promover a censura da  exposição "Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira" , que nos fez relembrar os tempos de autoritarismo fascista da ditadura militar.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Sem proposta, Lula dispara

O debate sobre Mídia, Política e Sociedade ocupa um destaque muito importante na atualidade. Obviamente, a discussão tem lugar privilegiado na pauta dos pesquisadores sobre o assunto, acerca de refletir com maior profundidade a respeito da informação e da mídia que ocupam um lugar privilegiado na sociedade contemporânea, incidindo significativamente nos processos sociais, culturais e políticos.A opinião pública é um fenômeno humano de caráter social cuja difícil abordagem pode ser em parte explicada pelas influências que sofre do meio externo, entre elas, da cultura, da educação e do grupo em que se está inserido. Mas, além disso, esse fenômeno é mediado por uma escolha de caráter individual onde o indivíduo opina segundo suas crenças, suas posições sociais e seus interesses. (Maisonneuver, J. 1988:105).

Desde Aristóteles a opinião pública sempre teve importância fundamental para a política, chegando mesmo a ter papel decisivo para a evolução da experiência democrática, firmando-se em nosso tempo como uma meta a ser atingida pela propaganda política.

A opinião pública é um espaço de disputa ideológica em que veículos de comunicação como revistas, jornais, rádio, televisão, internet e cinema, exercem toda sua capacidade estratégica na divulgação e difusão dos fatos revestidos de imparcialidade e de independência, por um lado e, secretamente, revestidos de opinião ideológica, e interesses econômicos por outro.
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