Recebi nesta manhã de um amigo um vídeo que, além de achar
interessante, me levou a fazer uma modesta reflexão. No vídeo, uma moça bonita
mostra como usar adequadamente o álcool gel nas mãos. Finaliza dizendo que
pouco efeito terá o álcool gel se também não der uma “lavada na garganta”, com uma
pequena dose de boa cachaça com limão. Tudo com muita beleza e bom humor.
Há tempos li
uma matéria de um especialista onde ele afirmava que as cidades foram a maior
invenção humana. Nelas é possível racionalizar o uso da energia, da água
potável, dos alimentos nas prateleiras dos supermercados....racionalizar os
meios de transporte...o compartilhamento da cultura e da civilização.
Me parece que nesse modele parcela expressiva da população
humana viveria em cidades, desfrutando desses benefícios, e a produção de grãos e de proteína vindo do
campo, em um sistema produtivo com elevada produtividade, com base no petróleo.
Como no modelo atual, em que já vivemos. Acho que esse modelo, mesmo com a
falta do petróleo poderia se sustentar, com base na energia solar. Continuamos
tendo problemas com a acumulação da energia elétrica. As baterias de lítio
vieram para viabilizar os telefones de bolso, a internet e o whatsapp. Não entrarei no debate sobre a
sustentabilidade dos meios de produção capitalista, com seus impactos no meio
ambiente e na preservação da espécie.
Tenho, há
algum tempo, recorrido à geometria, com seus quatro elementos fundamentais,
nenhum deles dependendo de definição, para montar uma analogia de cunho social.
Na geometria temos os quatro entes fundamentais: o ponto, a reta, o plano e o
espaço. Nenhum tem definição. O ponto pode ser tanto uma marquinha, com a ponta
de um lápis bem apontado numa folha de papel em branco, como pode ser uma
estrela no firmamento ou uma galáxia distante. Uma galáxia distante aparece no
nosso céu como uma estrela. Só que nela temos bilhões de estrelas!
O ponto
serve para definir uma posição. Essa posição pode estar na reta, no plano ou no
espaço. Por dois pontos distintos, traçamos uma e somente uma reta.
No ponto, a
formiga está presa. Não tem liberdade. Sem liberdade. Colada. Na reta – um
arame infinito – a formiga pode ir para a direita ou para a esquerda. Em
infinitas posições. Mas no plano ela – a formiga – pode ir para a direita e
esquerda.... para a frente e para trás. E no espaço? Nossa!!! Ai, é a liberdade
total. Pode ir para a direita e para a esquerda... para a frente e para trás e,
não contente, para cima e para baixo. Nem um avião consegue fazer todos esses
movimentos. Ele não dá marcha-a-ré!
Ponto, reta,
plano e espaço são entidades diferentes. Mas estão todas interrelacionadas.
Quem é mais importante, o ponto ou o plano? Um existe sem o outro? Pois é! São
de dimensões diferentes. Mas todos interligados.
Aqui vai a
minha modesta analogia, num olhar de cunho social. O indivíduo ( o ponto ), a
família, a aldeia, a cidade, o estado, o país, o continente, o planeta. Para
não ir muito longe, mas consciente que tudo está interligado e ficando na
dimensão do nosso país, o professor Ladislau Dowbor – professor de economia da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - , autor de recente obra
intitulada “ A era do capital improdutivo”, tem nos chamado a atenção para a
desigualdade social brasileira. Por quê isso é importante para nós brasileiros
e para o mundo, na dimensão maior? Porque o Brasil é uma das sociedades mais
desiguais do mundo. Os números que o professor Ladislau apresenta são de fácil
entendimento.
O conjunto da riqueza produzida no Brasil anualmente – em
produtos e/ou serviços, o chamado PIB - Produto Interno Bruto - , em números redondos, está em torno dos R$ 7
trilhões ( cerca de U$ 2 trilhões).
É muito? É e não é. Somos 210 milhões de brasileiros.
Nos EUA são 380 milhões. E na China, 1,3
bilhão. O PIB dos EUA é de US$ 18 trilhões e o da China, U$ 12 trilhões.
Veja que os EUA têm muito PIB e pouca
gente, quando comparamos com a China. A China tem um PIB seis vezes superior ao
nosso. Mas a população também é seis vezes maior, entendem? Os desafios lá são
enormes. Muitos chinês para pouco PIB. O caso da Índia não é diferente.
O Brasil é
um país de renda média. Uma conta simples:
Se pegamos o
PIB brasileiro em R$ 7 trilhões e dividimos por 50 milhões de famílias com 4
pessoas cada, dá R$ 140 mil / ano. Se dividimos esses R$ 140 mil anuais em 12
parcelas, chegamos a um número de R$ 11.700,00 por família de 4 pessoas em cada
mês ( uma renda familiar mensal de R$ 11.700,00).
Cabe aqui a pergunta de alguém que, com infinito senso de
paciência, esteja lendo esta nota. Uai, não vivemos numa sociedade capitalista!
E o mérito pessoal. Uns se referem a isso como meritocracia. Algo assim, o
poder do mérito. Entendo que até podemos ir adiante nesse debate. Mas a
desigualdade brasileira é, acima de tudo, uma questão ética. E disso, acho eu,
salvo melhor juízo, não podemos abrir mão.
Na nossa
casa o limoeiro está com uma bela safra. O abacateiro também. Tenho ainda em
estoque o mel de abelha, açúcar mascavo e mel de cana. Moramos em um bairro da
nossa capital – Lago Norte.
Tenho um amigo, também residente aqui no DF, que está com um
mandiocal no ponto. De dar água na boca. Temos sal. Se tiver manteiga, vamos
até o natal. Vou checar com ele se tem um pedação do sítio plantado com cana.
Se tiver!!!
Voltando à
analogia com as dimensões da geometria ( ponto, reta, plano e espaço), na
dimensão pessoal somos verdadeiros marajás. Na dimensão familiar, dos amigos, da
aldeia, idem.
Mas o mundo,
do ponto de vista econômico e social, não termina no muro da minha casa. Na
cerca da minha família. Nem tampouco na cerca dos meus amigos.
(*) Dia
desses vi uma ideia que me pareceu interessante. Enquanto não se usa a energia
solar do painel ( energia do fóton transformada em corrente elétrica), usando a
energia elétrica disponível, com o auxilio de um motor, para elevar um peso,
vagarosamente, na vertical ascendente, dentro do campo gravitacional. Quanto
precisar – à noite, por exemplo – o peso desce lentamente e aciona um gerador.
Do sol se fez luz.
(**)
Albert Einstein ganhou um prêmio nobel não pela Lei da Relatividade. Mas pela
descoberta do efeito fotoelétrico.
Brasília, 22
de abril de 2020
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