Jair Bolsonaro tenta ganhar algum espaço com o eleitorado
conservador, comparando-se com o presidente americano Donald Trump. Mas, além
do fato de possuírem ideias igualmente repugnantes, os dois políticos pouco têm
em comum. Enquanto o milionário americano se orgulha de nunca ter dependido de
dinheiro público, Bolsonaro é político de carreira desde 1989, quando se elegeu
vereador. Há 26 anos é deputado “baixo clero” na Câmara Federal e antes era
servidor público do exército. Foi a população quem sempre bancou o machismo e o
racismo de Bolsonaro. Sim, saiu do nosso bolso.
Infelizmente o discurso preconceituoso, nacionalista e por
muitas vezes infantil de Bolsonaro, tem lhe dado uma visibilidade maior do que
ele merece. O deputado já fez todo tipo de atrocidade: apologia ao estupro,
declarações racistas, homofobia deliberada contra colegas de parlamento e
homenagem ao torturador de Dilma na votação de cartas marcadas do golpe. Não
respeita as instituições. Já afirmou que irá fechar o Congresso, se
eleito. É por isso que vem sendo chamado
de “mito”. Bolsonaro não tem nenhuma experiência executiva ou de gestão
(característica mais aclamada pelo próprio Trump em sua campanha).
Existe ainda outra diferença fundamental entre os dois: a
competitividade. Enquanto o americano venceu as prévias do Partido Republicano,
o que lhe colocou imediatamente na disputa real pelo pleito, a um ano e meio
das eleições presidenciais, Bolsonaro brigou com a cúpula do PSC e ainda
procura algum partido conservador (de menor expressão) que aposte em sua
empreitada. De fato, somente algumas ideias do século passado unem essas duas
figuras. Mas nós temos um Trump tupiniquim. O nome dele é João Dória.
As semelhanças são evidentes: ambos são milionários,
conservadores, representam o empresariado e o Capital em suas jurisdições e já
apresentaram o mesmo reality show. Muito brevemente poderemos apontar mais uma
semelhança: a de que ambos passaram na frente de muitas pessoas em seus
partidos, para disputar uma eleição presidencial em um partido de expressão. A
maior diferença talvez seja o semblante. É realmente contrastante a expressão
sempre fechada de Trump com o sorriso onipresente e artificial de Dória. Além do mais, o Brasil não é os EUA e tenho
certeza que não elegeremos um “Donald” por aqui.
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