Quando o PSDB abriu a ação no Tribunal Superior Eleitoral
pedindo a cassação da chapa Dilma-Temer, ainda em 2014, a intenção era
claramente ter alternativa para destituir a presidenta. Caso o Congresso corrupto
não condenasse Dilma por pedaladas fiscais, o golpe viria via Justiça eleitoral.
Agora, o autor do pedido tenta separar as contas para inocentar Temer e
condenar Dilma. Mas a separação não se sustenta juridicamente. Temer vai ser
engolido e teremos eleições indiretas. O golpe dentro do golpe.
A justiça eleitoral já cassou o mandato de ao menos seis
governadores de Estado. Em nenhum dos casos foi sequer levantada a hipótese de
separação da chapa. Nem mesmo os que guardam alguma semelhança, como o do
governador cassado do Piauí, Mão Santa, cujo processo no TSE foi por abuso de
poder econômico na campanha para reeleição. Não existem precedentes desse tipo
de desmembramento na legislação brasileira. Ao menos, desde a revogação da
Constituição de 1946, a última que previu votação para presidente e vice
separadas e independentes, sem a formação de chapas.
Ao construir um “plano B” para tirar Dilma, o PSDB pode ter
determinado a extirpação definitiva de Temer no Planalto. E o pior, são os
próprios tucanos que podem herdar o poder, nessa guerra dos tronos brasileira.
Fernando Henrique Cardoso já foi notoriamente especulado, nos corredores da Câmara,
entre algumas lideranças, fato divulgado pela colunista Mônica Bergamo. Recentemente, o blogueiro Reinaldo Azevedo,
da revista Veja, declarou publicamente que Gimar Mendes (militante tucano no
Poder Judiciário) seria uma excelente opção para o País. É traição atrás de
traição. Golpe atrás de golpe.
As últimas eleições indiretas no Brasil ocorreram em 1985,
realizadas por um Colégio Eleitoral, após 21 anos de ditadura militar e total
ausência de democracia. O vencedor desse pleito foi Tancredo Neves, político e
empresário influente em Minas Gerais. Em 2017, se tivermos as eleições
indiretas novamente, será principalmente por causa do partido do neto de
Tancredo, Aécio Neves, que foi o principal articulista dessa ação, desde que
perdeu as eleições nas urnas em 2014.
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