segunda-feira, 27 de março de 2017

Sergio Moro e o poderoso chefão

texto publicado pelo responsável pelo blog originalmente no Brasil 247 em 21/03/2017


Em um dia, Sérgio Moro gravou um vídeo nas redes sociais afirmando que a grande maioria ou a totalidade da população o apoiava. No outro, determinou a condução coercitiva de um crítico seu da imprensa independente, de forma abusiva e injustificada. Moro tem uma visão megalomaníaca e equivocada de que toda a população o apoia, por isso se sente mais poderoso que a própria toga. Quem precisa de apoio da população é político. Juiz precisa aplicar a lei com isenção, se manifestar nos autos e não praticar nenhum tipo de perseguição.


Sergio Moro é descendente de italianos e um entusiasta da Operação Mãos limpas (Mani pulite), ação italiana que inspirou a Lava Jato, na década de 1990. Moro parece ter aprendido bem o conceito italiano de famiglia: em três anos de Lava Jato não temos nenhum tucano indiciado. Nesse mesmo período, o juiz superpoderoso divulgou áudios, com intenção de influenciar a opinião pública a favor da deposição de Dilma, mandou prender preventivamente, e conduzir diversas pessoas de forma coercitiva. Ainda aquelas que não eram rés. Mesmo quem nunca havia se negado a colaborar com a justiça.

Uma delas gerou uma comoção popular, a de Lula. Helicópteros da imprensa já estavam posicionados. Breaking news. Assim como no antigo Coliseu, estavam jogando um homem aos leões sob os aplausos da população. Como sempre, Moro não obteve provas. Era melhor ter convidado Lula. Tenho por certo que ele iria, sem espetáculo, sem coerção. Pouco mais de um ano depois, foi esse mesmo episódio (o vazamento da condução) que fez Moro extrapolar os limites da toga, conduzindo um profissional da imprensa livre e apreendendo seus computadores e celulares.

A imprensa tentou fazer de Moro um intocável, como César. Nas manifestações verde-amarelas, ele era um salvador. Vestia capa, como um super-herói e tinha seu nome gritado pelos manifestantes como em um jogo de futebol. Mas ao contrário do que pensa o juiz, nem todos estavam lá apoiando. Houve resistência. Posso atestar.


Michael Corleone, icônico personagem vivido por Al Pacino, no clássico "O Poderoso Chefão" disse em um dos filmes que "todo o poder do mundo não pode mudar o destino". Moro parece se achar tão poderoso a ponto de mudar o destino tupiniquim. Apesar da sua negativa, não me surpreenderia se o víssemos candidato a algum cargo no executivo em um futuro próximo, ou quem sabe pleitear uma vaga no STF ao investigado Temer. Assim como no filme, já vimos que essas indicações "não são pessoais, são só negócios", capiche?

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