segunda-feira, 27 de março de 2017

O Crime e o castigo de Michel

texto de Guilherme Coutinho (responsável pelo Blog) publicado originalmente pelo Brasil 247 em 2/3/2017




Na obra Crime e Castigo, do escritor russo Fiódor Dostoievski, o personagem principal Rodion Raskólnikov comete um grave crime para se tornar uma pessoa "extraordinária" em oposição à vida "ordinária" que levava até então. Tudo isso baseado em uma teoria desenvolvida por ele mesmo, que se achava um gênio, apesar de não ter comprovação material alguma disso.



Surpreendentemente, o crime do inexperiente delinquente Raskólnikov aparentava ter ocorrido de forma perfeita, sem deixar maiores pistas. A situação ainda melhorou bastante quando alguém confessou o crime (ainda que não o tivesse cometido) e em seguida cometeu suicídio na cadeia. Caso encerrado. Mas será mesmo?

Raskólnikov, imbuído de culpa pelo seu grave delito, começa a dar pistas de que não é tão inocente assim. Essa trama psicológica do personagem se tornou uma das obras mais admiradas da literatura mundial e influenciou grandes pensadores das diversas áreas no mundo todo.

Michel Temer também cometeu um grande crime contra a democracia brasileira. De vice-presidente decorativo, como se auto intitulou, deu um grande golpe até o cargo mais alto do executivo federal. Desrespeitou 54 milhões de brasileiros e rasgou a constituição.

De forma igualmente surpreendente o crime de Michel também pareceu ter ocorrido de forma bem encobertada. A mídia apoiou, as panelas rufaram em um tom fúnebre, houve até um julgamento de cartas marcadas, mal disfarçado de devido processo legal. Deputados e senadores corruptos inquiriam, faziam perguntas, zombavam de uma mulher honesta que agora estava prestes a ser deposta. Poucos meses depois o crime de Michel havia sido concluído com êxito.


Mas a culpa de Temer também daria sinais claros de que o que cometera havia sido, de fato, criminoso. Um exemplo claro foi a sua não adaptação à moradia oficial de Presidente da República. Ele tentou, fez de tudo. Reformou ao custo de 20 mil reais. Dinheiro do contribuinte. Mas adivinhem para onde ele voltou espontaneamente após apenas 11 dias? Sim, a moradia oficial de vice-presidente. O Alvorada era demais para ele, que não foi eleito para esse cargo. Ele e sua família não mereciam estar ali. Temer não é legítimo e sabe disso. E esse será sempre seu castigo.

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