Há um ano, o Brasil se preparava para entrar em um dos
períodos mais tristes de sua história. A Câmara dos Deputados escolhia os
membros da comissão especial, que iniciaria em poucas semanas o teatro do
absurdo que foi o julgamento de Dilma Rousseff. A grande mídia se encheu de
especialistas para convencer o Brasil de que nossa presidente era a única
responsável pelas mazelas de nosso país. Crescia o ódio ao PT. Quem não
compartilhasse esse sentimento era burro ou louco. Deveria ir para Cuba. Não
entendia de política.
De acordo com a "verdade" fabricada pelo jornal
nacional, todo vermelho era defensor de bandido. Estavam liberadas as
hostilidades. Joguem pedra na Geni. Trataram de transformar
"esquerdista" em uma palavra depreciativa. Afinal o dólar tinha
baixado na última manifestação: a classe média queria ir às compras em Miami.
Mas acontece que o golpe fracassou. Quem acreditou estar combatendo a corrupção
deve estar bastante decepcionado agora. Deveriam ter ouvido os loucos. Nós avisamos.
A promessa era simples. Com a saída de Dilma, a crise
institucional iria desaparecer completamente. Afinal, Temer teria diálogo com o
Congresso e sem o PT não haveria mais corrupção no governo federal. Ademais, o
mercado reagiria imediatamente e a melhora deveria acontecer rapidamente na
economia. Mas a realidade é dura: o presidente já perdeu seis ministros por
envolvimento em corrupção e certamente perderá mais cinco nas próximas semanas.
Foi citado dezenas de vezes em delações e a crise financeira se agravou
severamente. A classe média não vai pra Miami (e nem se aposentar).
"As pessoas vão pensar o que eu disser para elas
pensarem", disse o personagem Charles na obra prima de Orson Welles,
Cidadão Kane. O filme é de 1941, mas a frase seria muito atual no Brasil de
hoje. O golpe foi um estelionato político-midiático contra cada um dos
brasileiros, e quem lutou contra foi jogado à fogueira. Não vão nos pedir
desculpas. Nos resta a certeza de ter estado do lado certo da história. A luta
continua.
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