A esquerda precisa parar de
exigir da turma do Fora Dilma as mesmas alegorias que eles fizeram durante o
processo do impeachment. Já está mais do que claro que a revolta da classe
média era contra o resultado das eleições de 2016 e não contra a corrupção.
Ademais foi o peculiar canto de suas le
creusets que promoveram o Sr. Mesóclise de vice decorativo a presidente
inimputável. Não dá para reclamar muito de um subproduto das próprias
reivindicações. As panelas não vão soar novamente, não importa o quanto isso
seja cobrado.
O sentimento de frustração por
ter perdido as eleições e o ódio ao PT uniram a direita brasileira em torno do
objetivo comum de derrubar Dilma Rousseff. Pequenas divisões internas e
diferenças ideológicas não atrapalharam a unidade de um movimento que tomou
corpo e se mostrou coeso na maioria do tempo. No entanto esse movimento não se
voltará contra Temer. A maioria daqueles que se rebelaram contra Dilma, aprovam
as reformas plutocratas do atual governo e consideram Temer um mal necessário.
Os reincidentes casos de corrupção parecem não afetar esse julgamento.
A Revista Piauí, que teve acesso a um grupo de
whatsapp do MBL durante 2 meses, esclareceu a relação utilitarista do movimento
com Temer: “E é o seguinte: vamos tentar botar pra frente essa previdência.
Ainda da tempo. O zumbizão ta lá pra isso kkk”, disparou Renan Santos, um dos
líderes do grupo. O Movimento Vem Pra Rua divulgou um texto explicando porque
ainda se manifestou como nos tempos de Dilma: “Até o momento, o Vem Pra Rua
entende que não há o que justifique uma campanha contra a continuidade do
governo Temer. O balanço do que foi feito até agora é positivo. Poderia ter
sido melhor? Com certeza, mas ainda é positivo” disseram no artigo “Afinal, oVem Pra Rua é a favor ou contra o Temer ?” disponível no site do grupo. Apesar
de não assumir, grupos que se manifestaram a favor do impeachment, de uma forma
geral, estão satisfeitos com o peemedebista no Planalto.
Talvez por isso, esses grupos
tenham dado tanta importância a assuntos que não se relacionam diretamente com
política. De repente, pautas como exposições em museus e cenas em novelas
passaram a ocupar mais espaço em suas reivindicações do que milhões de reais em
apartamentos ou gravações envolvendo senadores e o próprio Presidente da
República. A corrupção deixou de ser a pauta central, e a difusão do
conservadorismo lança uma nuvem de fumaça sobre o governo mais corrupto da
história.
Nem mesmo a compra de votos a luz
do dia e as duas absolvições de Temer levaram um número considerável de pessoas
às ruas. PEC do teto? Fim da CLT? Leilão do Pré-Sal? Nada disso provocou uma
reação popular como deveria. Temer
parece caminhar com tranquilidade para o fim de seu mandato golpista e
lesa-pátria. A esquerda não precisa mais esperar o arrependimento dos paneleiros:
precisa arregaçar as mangas e lutar, conforme sua história e vocação. O que não
pode faltar é o povo nas ruas.
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