Como bem disse Bertolt Brecht, a cadela do fascismo está
sempre no cio. Basta que se crie uma situação favorável e as velhas ideias
reacionárias reaparecem em um piscar de olhos. Não há dúvidas de que um novo
ciclo fascista se iniciou no velho continente há cerca de quatro anos e desde
então vem se fortalecendo e se alastrando para outras potências, como os
Estados Unidos. Até a Alemanha que, desde a derrota de Hitler na Segunda Guerra,
não havia mais tido representação fascista oficial, viu recentemente o partido
de extrema-direita AfD conseguir 90 cadeiras em seu parlamento.
Mas a situação na Alemanha está longe de ser um caso
isolado. Na Hungria, o maior partido de oposição, Jobbik, se intitula “direita radical”, Marine Le Pen disputou o segundo turno das eleições
francesas e o Partido Liberal da Áustria (FPÖ), que possui uma corrente
pangermânica, disputou o segundo turno das eleições austríacas, em 2016. Por
fim, temos que destacar as vitórias do leave no Brexit, do novo primeiro
ministro tcheco Andrej Babiš e de Donald Trump nos Estados unidos. O que todos
esses movimentos têm em comum? O discurso xenofóbico, nacionalista, nativista,
anticomunista e anti-islamita (parece ser esse o “novo antissemitismo”). Qualquer semelhança com o primeiro parágrafo
desse texto não é mera coincidência.
É necessário entender o momento histórico que tem favorecido
a cadela no cio a se reproduzir em pleno 2017. Carlos Poggio, PHD em Relações
Internacionais, apontou em recente entrevista à revista Nexo, 3 principais causas: o aumento do desemprego nos países desenvolvidos, o
fluxo migratório aliado a uma baixa taxa de natalidade, e por fim, a
utilização, cada vez mais frequente, das redes sociais com fins políticos.
Ao contrário do que se possa imaginar, não foi um suposto
fracasso das esquerdas que deixou o caminho livre para o fascismo. As crises do
sistema capitalista (2008 nos EUA e 2011 na Europa) contribuíram para o aumento
do desemprego. Além disso, a própria ONU já denunciou como o ‘rentismo
empresarial’ tem causado um poder de mercado assimétrico, com menos vagas de
emprego e desigualdade de renda .
Já vimos também como o uso de big data nas redes sociais ajudaram a empresa de um bilionário a impulsionar duas vitórias mais importantes da extrema-direita nos últimos anos: a eleição de Donald Trump e a campanha do leave no Brexit. Infelizmente, o discurso xenófobo tende a se fortalecer agora, como se fortaleceu nas primeiras décadas do século passado.
A direita xenófoba europeia e norte americana já colocou
como principal meta de campanha a restrição ou proibição da entrada de
islamitas, mexicanos ou estrangeiros em geral em seus territórios. Nos resta
saber quais seriam os próximos passos. Expulsar os estrangeiros? Retirar-lhes
direitos? Hitler também teve que trilhar um caminho antes de chegar aos campos
de concentração. O surgimento do nazismo já não nos parece algo tão fora da
realidade. Até no Brasil já temos a extrema-direita representada no
pseudo-fascistóide do Jair Bolsonaro. Como disse Karl Marx, a história se
repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.
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