Na semana passada, um dos maiores
propinodutos tucanos foi escancarado por uma ação de colaboração entre Suíça e Brasil.
O MPF foi informado por autoridades suíças
que Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, movimentou ao menos R$ 113 milhões – mais
de 50 vezes o valor atualizado do tríplex do processo de Lula - no paraíso fiscal europeu. No entanto, antes
que a denúncia, tratada com discrição pela mídia e polícia, de fato respingasse
no alto-tucanato, mandaram parar as prensas mais uma vez. Nesta segunda-feira,
uma operação pirotécnica da Polícia Federal, com presença da rede Globo,
cumpriu mandados de busca e apreensão na casa do petista Jaques Wagner. O nome
da operação é Cartão Vermelho, mas poderia ser Operação-Abafa.
A via aberta por Paulo Preto deve
atingir em cheio José Serra, mas poderá respingar em tucanos que, disputarão
cargos importantes em 2018, como é o caso de Aloysio Nunes e do presidenciável
Geraldo Alckmin. Mesmo com o potencial bombástico da informação, sobretudo em
ano eleitoral, a mídia manteve o tratamento sóbrio dispensado a denúncias
feitas ao partido de Aécio Neves. A já conhecida impunidade também já é
esperada: Paulo Preto foi diretor da Dersa entre 2005 e 2010 e agora, próximo
de fazer 70 anos – idade em que o prazo para prescrição reduz pela metade -, já
há quem duvide de uma condenação.
O tratamento concedido ao petista
foi o oposto. Transmissão ao vivo da maior emissora de TV que, aliás, de acordo
com Rui Costa, Governador da Bahia, chegou antes da PF à casa de Jaques Wagner,
o que pode ter significado um vazamento de informação sigilosa. Importante
destacar que a afiliada da emissora no estado, a TV Bahia, é de propriedade da
família do prefeito de Salvador ACM Neto. Também de forma oposta ao caso de
Paulo Preto, um mandado de prisão foi prontamente solicitado, mas foi negado
pela justiça. As propinas que o petista teria recebido, em função da demolição
do antigo e construção do novo Estádio Fonte Nova, teriam sido pagas entre 2006
e 2014.
Casos de corrupção, infelizmente,
têm sido frequentes, envolvendo, sobretudo, os três maiores partidos da
República. No entanto, o peso dado pela mídia e pelas instituições entre os
partidos é absurdamente desigual, o que leva a uma desinformação da população e
a um sentimento de parcialidade e injustiça. Enquanto o propinoduto de Paulo
Preto, descoberto por autoridades estrangeiras, parece caminhar rapidamente
para o esquecimento, consagrando a imunidade branca conferida ao PSBD – partido
com o incrível número de zero presos em 4 anos de Lava-Jato, é o Partido dos Trabalhadores
que, novamente, está na capa dos maiores portais de notícias do país. Pode
parecer que não, mas as eleições já começaram.
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