quinta-feira, 15 de março de 2018

No fascismo, comunista bom é comunista morto



Hitler tinha um ódio patológico de comunistas. Em seu livro Mein Kampf, escrito na cadeia, anos antes de chegar ao poder, ele já propagava o ódio contra o comunismo, uma ideologia tão perigosa quanto o judaísmo em si, segundo ele. Anos depois, Hitler violou o pacto de não agressão contra a URSS e iniciou o período mais sangrento da II Guerra Mundial europeia. Desde então, os ideais marxistas têm sido uma obsessão para o discurso fascista, que, ente idas e vindas, ganhou terreno no Brasil nos últimos anos. Nesse discurso, comunista é bandido. Bandido bom é bandido morto. Nesse ponto não estamos tão longe da Alemanha do período entreguerras.  O assassinato de Marielle Franco – e algumas reações populares -  nos prova isso.

O fascismo se inicia muito antes de ocorrer uma tragédia como a de Marielle. Uma ideia repetida à exaustão– bandido bom é bandido morto – conquista, aos poucos, espaço no imaginário popular, até se tornar uma verdade, não apenas para os inofensivos militantes virtuais de candidatos fascistas, mas, por exemplo, por agentes de segurança pública. O conceito da morte como solucionadora única da ameaça da família e sociedade passa a ser admitida no espaço público, e o discurso de ódio passa a ser banalizado.


A situação piora quando o próprio termo “bandido” é relativizado e direcionado de acordo com a comodidade do fascista que profere o discurso. O malfeitor – que merece a morte -  nunca é o traficante de classe média ou o empresário sonegador de impostos.  A estes a absolvição. O inimigo da sociedade é o marginal negro e periférico, o estereótipo classista e racista de ladrão, a quem todo o ódio é direcionado a bem de deus, da pátria e da família. Quem ousar levantar dúvidas é comunista, esquerdista, defensor de bandido. E aos olhos do fascista merece o mesmo tratamento.

Marielle Franco, negra e periférica, nunca foi bandida, em nenhuma acepção da palavra. A vereadora foi brutalmente assassinada, por quem devia protegê-la, por ser de esquerda, por defender os direitos humanos e por lutar contra os abusos de uma polícia corrupta e violenta. Ela foi o primeiro cadáver – com repercussão, fique claro – da intervenção militar de Temer. Nas redes sociais houve comemoração da militância fascista e tudo isso foi considerado normal. E assim, diante de nossos olhos, de tragédia em tragédia, vemos a história se repetir.    



Comente com o Facebook:

5 comentários:

  1. Perfeito seu artigo, infelizmente o fascismo está crescendo, estimulado até por pessoas próximas de nós.. amigos, vizinhos, colegas. é preciso combatê-lo sem trégua e já!

    ResponderExcluir
  2. Caro, Guilherme. Parabéns pelo texto e pelo contexto. A brutalidade como a jovem Marielle Franco foi assassinada, é preocupante. Desde o golpe de 2016 que a inversão de valores e a subversão de classes vem sendo fortemente vista, e o nosso povo sofre com manipulação de todas as espécies. Triste ver o fascismo se instaurando revestido uma sobrepelica enganadora. Triste ver praticamente todos os veículos de comunicação propagando o ódio e disseminando a injustiça. Lamentável ver apoiadores da Ditadura Militar com discurso de ódio sendo aplaudido pela grande massa e pleiteando o cargo mais alto de uma Nação, e o pior, tendo aceitação. Lamento, preocupo-me e tento ter esperança em dias de paz e na restituição da nossa jovem democracia. Só temos um nome, só temos uma pessoa que faria isso. Só temos aquele que inocentemente está prestes a virar o Grande Mártir e precussor da derrocada e desse processo tão doloroso de transição política e social que estamos vivendo. Viva Marielle Franco, viva Luís Inácio Lula da Silva.

    ResponderExcluir
  3. A esquerda fascista e comunista a devorar-se entre si.. que lindo espectáculo!

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...