Já
dizia o grande jornalista Millôr Fernandes: “o Brasil tem um enorme passado
pela frente”. Verdade verdadeira!
Somos
protagonistas (com muitos autores e co-autores) de uma era de crises,
retrocessos sociais, civis e trabalhistas, fruto de uma democracia fragilizada
e combalida por uma elite conservadora alicerçada pelo fundamentalismo
religioso, que sempre tomou o Estado em benefício próprio. Trata-se da decisão
do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho da 14ª Vara do Distrito Federal, que, em
seu despacho na liminar, considera a possibilidade de um tratamento psicológico
para gays ou até mesmo reorientação sexual.
O
magistrado faz referências de modo que os psicólogos não exerçam a patologia de
comportamentos homoeróticos e métodos de reversão e orientação sexual de
pacientes. Porém, cabe lembrar que a Resolução 01/99 do Conselho Federal de
Psicologia impede tais métodos. Cabe também
observar que desde 1990 a Organização Mundial da Saúde exclui da sua
tabela de CIDs a homossexualidade como doença. A Resolução, então, não foi
sustada, mas parcialmente atendida, o que já é o suficiente para dar margem
para interpretações diversas, bem como o enfraquecimento da própria Resolução
01/99.
A
quem serve então está tal decisão da “cura gay”, se não é doença para ser
curada e nem desvio para ser orientado? Há nuvens carregadas no horizonte do
País. A cada semana, e até mesmo a cada dia, aparecem tais aberrações
afrontando o Estado democrático de direito violando os sagrados direitos trabalhistas,
civis, individuais ou de qualquer outra natureza social e econômica. Os tempos
atuais nos oferecem uma grande oportunidade para refletirmos que País queremos.
Nem mesmo os que foram “pavimentar” o caminho para o golpe na jovem democracia
brasileira sabiam muito bem o que estavam fazendo ao dançar a micareta estúpida
do fora Dilma convocado pelos meios de comunicação de massa. Não respeitaram as
decisões das urnas, não respeitaram o processo democrático.
Deu
no que deu! Agora os efeitos são perversos, um retrocesso pré-iluminismo.
Todavia, a comunidade LGBT e a sociedade civil organizada progressista não
perdem o espírito democrático de Luta e de preservar as conquistas nos governos
progressistas eleitos democraticamente. Não retornarão ao armário e nem vão se
esconder atrás do atendimento de telemarketing e dos salões de beleza, funções
essas que a elite conservadora golpista lhes sempre reservaram. A comunidade
LGBT não perde a piada nas redes sociais, e nas ruas expressam em alto e bom
som seus protestos e indignação com tal decisão judicial. Sexta-feira em São
Paulo uma grande manifestação colorida deu o recado: “as bi, as gays, as travas
e as sapatão estão todas reunidas pra fazer a revolução”.
Não
se pode excluir as pessoas por aquilo que elas pensam ou o que são. A
intolerância contra o que é diferente, e os que pensam diferente são um terreno
fértil para manifestações de ódio relacionado com o fascismo, a homofobia, o
machismo e o racismo. Cabe a todo progressista e aos amantes da liberdade, fomentar
por todas as vias democráticas o retorno da democracia e derrotar o Estado de
exceção, rumo à liberdade e ao Estado democrático de direito, e laico de
fato.
Por Anderson Pirota
Bacharel em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo - FESPSP
Pós-Graduado em Mídia, Política e Sociedade pela Fundação Escola de Sociologia e Política - FESPSPMestrando em Ciências Sociais na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP
Pós-Graduado em Mídia, Política e Sociedade pela Fundação Escola de Sociologia e Política - FESPSPMestrando em Ciências Sociais na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP
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