quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Sem proposta, Lula dispara

O debate sobre Mídia, Política e Sociedade ocupa um destaque muito importante na atualidade. Obviamente, a discussão tem lugar privilegiado na pauta dos pesquisadores sobre o assunto, acerca de refletir com maior profundidade a respeito da informação e da mídia que ocupam um lugar privilegiado na sociedade contemporânea, incidindo significativamente nos processos sociais, culturais e políticos.A opinião pública é um fenômeno humano de caráter social cuja difícil abordagem pode ser em parte explicada pelas influências que sofre do meio externo, entre elas, da cultura, da educação e do grupo em que se está inserido. Mas, além disso, esse fenômeno é mediado por uma escolha de caráter individual onde o indivíduo opina segundo suas crenças, suas posições sociais e seus interesses. (Maisonneuver, J. 1988:105).

Desde Aristóteles a opinião pública sempre teve importância fundamental para a política, chegando mesmo a ter papel decisivo para a evolução da experiência democrática, firmando-se em nosso tempo como uma meta a ser atingida pela propaganda política.

A opinião pública é um espaço de disputa ideológica em que veículos de comunicação como revistas, jornais, rádio, televisão, internet e cinema, exercem toda sua capacidade estratégica na divulgação e difusão dos fatos revestidos de imparcialidade e de independência, por um lado e, secretamente, revestidos de opinião ideológica, e interesses econômicos por outro.

Formar ou influir na formação de uma opinião pública favorável a um determinado interesse político, econômico ou religioso, é uma questão sobre a qual não pesam mais dúvidas, como sendo objetos explícitos ou não dos grandes conglomerados da comunicação no Brasil e no mundo, e isso, porque como define Jean-Gabriel Tarde, no livro “A psicologia Social”, (Maisonneuver, J. 1988:108) “a opinião é para o público o que a alma é para o corpo: um conjunto de julgamentos sobre problemas atuais aos quais uma grande parte dos membros da comunidade adere”.

Neste contexto do discurso político e a configuração da opinião pública, está primeiramente no campo da obrigação de dizer a verdade principalmente como técnica de governabilidade da relação consigo. A pesquisa de intenção de votos para as eleições presidenciais de 2018, realizada pelo Datafolha nos dias 27 e 28 de setembro de 2017 com 2.772 entrevistados, em 194 municípios, com margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, e nível de confiança de 95% é de deixar a elite brasileira de cabelos em pé ou até sem cabelos. A pesquisa foi realizada logo após o bombardeio midiático contra Luiz Inácio Lula da Silva, não funcionou.

Lula chega a 18% na pesquisa espontânea e na estimulada 35%, ou seja, Lula tem o dobro do segundo colocado e venceria todos os adversários em um eventual segundo turno, no momento. Lula é o favorito do povo!

A opinião pública ainda revelou algo que deixa os membros da Casa Grande em surto. Lula subiu 5 pontos após a condenação do juiz Sérgio Moro, a pancadaria midiática à Lula e ao PT está deixando os eleitores enjoados porque perceberam a politização da justiça e a sua partidarização. Os eleitores perceberam também que foram ludibriados pelo enredo do golpe, haja vista, uma elite que demonstra, sem nenhum pudor, o desdém com a Constituição e não permite concessões ao andar de baixo, e que tem um apetite voraz para destruir os direitos trabalhistas e civis conquistados com muita luta e enfrentamento nas ruas, nas universidades e no parlamento. A lava jato revela a maior farsa judicial histórica do Brasil ao querer condenar Lula sem provas, mas com convicção, não cola, a opinião pública não aceita. Como deve ser dolorido para os golpistas!

A elite endinheirada proprietária de bancos, empresas de comunicações e do agronegócio junto com outros setores que financiaram o golpe já acharam um culpado pelo resultado da pesquisa do Datafolha, os pobres como sempre.

Todavia, deve ressaltar que o problema não é Lula, mas o projeto de Estado Nação que Lula, a esquerda e um conjunto de progressistas defendem, um projeto de inclusão social, universitária, urbana, cultural e de inclusão à direitos que antes eram negados. É aí que está o “X” da questão e do ódio de classes: os ricos desse país ou que se acham ricos não aceitam dividir o mesmo espaço do saguão do aeroporto, do supermercado e as salas de aulas das universidades. Obviamente, no projeto nacional desenvolvimentista os pobres estão incluídos, Lula e o PT sabem muito bem que o Brasil não cresce se não diminuir sua desigualdade, tão naturalizada que a classe média aceita e apoia os muitos ricos, mas não aceita que os muitos pobres tenham direitos sociais e civis. Como bem diz o filósofo Italiano Antonio Negri; “Como é possível governar pagando uma quadrilha? ” (O Estado de S. Paulo, domingo 01 de outubro de 2017).

A mesma análise do professor de Filosofia do Direito e Teoria do Estado é a mesma que revelam os números da pesquisa do Datafolha a pouco mais de um ano para as eleições. Como Temer governa com 3% de aprovação e quem o sustenta? 

É hora de virar o disco, de respeitar a democracia, a opinião pública e mudar o discurso periférico dessa direita escravocrata. Enquanto a direita está quebrando a cabeça para “montar novas delações” a título de incriminar Lula, o mesmo irá bater perna visitando o seu povo. Os bons efeitos da caravana Lula pelo Brasil e os desastrosos erros do golpe, nos leva para um caminho fértil e refletir que Brasil queremos, até mesmo porque, nossa política de inclusão social e econômica pauta a política da América Latina e o mundo. Che Guevara nos brinda com uma grande reflexão; “A única luta que se perde é a que se abandona”. 

Não abandonaremos nossos irmãos e irmãs que muito precisam de nós, se as próximas pesquisas de opinião continuar no mesmo caminho, que abram as cortinas, e assistam o maior espetáculo de todos os tempos; a luta de classes. 

Por, 
Anderson Pirota 


Bacharel em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Pós Graduado em Mídia, Política e Sociedade pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestrando em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP

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