segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Pedro Parente e o preço do botijão de gás

O fogo antecede o homem. Da caverna, já podíamos vislumbrar os vulcões ou o fogo produzido pelos raios, em época de tempestades. Usar o fogo para cozinhar os alimentos foi um salto monumental, na história humana. Caçar o javali, retirar o couro, cortar a carne e devorá-la no seu estado cru dava trabalho e consumia energia. Usar o fogo e cozinhar os alimentos ajudou a moldar o nosso cérebro, em tamanho e complexidade, como o temos nos dias de hoje. Dominar o processo de produção do fogo foi, sem dúvida, a maior revolução da nossa espécie. Antes desse domínio, bastava o inimigo apagar a nossa fogueira para provocar um imenso atraso em nossas vidas.

Sem o domínio do fogo não teríamos tido a idade dos metais, uma grande revolução na história da humanidade. O fogo tem a ver com a pólvora. Os motores dos carros, caminhões e navios estão associados ao domínio do fogo ( motores de combustão interna ), assim como as turbinas dos aviões que cortam os nossos céus, transportando, a uma velocidade de 1000 km/h, pessoas e cargas. E aqueles fantásticos carrinhos (robôs) que encontram-se explorando o planeta Marte, nos enviando imagens e informações, também têm a ver com o domínio do fogo, através dos foguetes de lançamento. E, até os foguetes das festas de São João têm a ver com o domínio do fogo.




Perguntei para uma grande amiga, muito querida, que nasceu na década de 30 do século passado quais, no entendimento dela, teriam sido os grandes marcos do século XX? Ela me respondeu, sem titubear: as comunicações e o fogão a gás. Nem citou a máquina de lavar roupa! Principalmente para nós, disse ela, que viemos do interior, nascidos nas roças ou nas fazendas. Acender o fogão, em tempo de chuva, trabalho reservado para as mulheres, sempre foi uma tarefa do nosso quotidiano muito árdua. O fogão a gás, como um bonito móvel na cozinha, sem dúvidas, representa um conforto monumental. Um bem popular! E aí sobra mais tempo, né mesmo?

Vejo com tristeza uma manchete no portal de notícias UOL de 16/11/2017: “ Alta no preço do botijão de gás faz pobres trocarem gás por lenha”. Ou compra comida ou compra o botijão de gás. Triste realidade!

Será que o engenheiro Pedro Parente, engenheiro formado aqui pela nossa UnB – Universidade de Brasília, especialista em gestão de crise, não se atentou para o impacto social gerado pela elevação do preço desta fonte básica de energia para todas as famílias brasileiras, representando um custo representativo quando comparado com o valor do salário mínimo, em um país onde parcela expressiva do andar de cima vive da exploração do capital improdutivo?

Ou será que teria sido alimentado com comida mal cozida?








Aldo João de Sousa ( professor aposentado do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília )

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