Na aclamada obra “Ensaio sobre a
Cegueira”, José Saramago utiliza a metáfora da cegueira branca para dissertar
sobre ética, moral e indiferença na sociedade. O TSE parece ter sofrido uma “cegueira
intencional” – como bem definiu o Procurador Carlos Lima – no teatro que
protagonizam seus Ministros. O julgamento foi apenas uma mera formalidade.
Temer Já estava salvo e o resultado já era conhecido por todos, antes mesmo do
início do rito. Mudam-se os atores, mas a peça continua a mesma: o golpe contra
os brasileiros.
Dilma foi deposta por supostas
pedaladas fiscais. Seu julgamento, nas casas do Congresso, também foi um jogo
de cartas marcadas. Uma simulação de devido processo legal, do qual todos já
sabiam, previamente, o melancólico final. O teatro no TSE foi pela absolvição,
mas serviu ao mesmo propósito. A Justiça Eleitoral poderia ser protagonista em
um processo histórico, retirando o mais corrupto dos chefes do executivo da
história do país, mas preferiu fechar os olhos. Temer agora ganha força para se
manter no poder até o fim do mandato.
A Justiça no Brasil anda mesmo
cega. O Tribunal decidiu, mesmo sob protestos contundentes do Relator, excluir
o caixa 2 do processo. Tudo para facilitar a árdua missão dos Ministros de
mentir para a sociedade. Se no primeiro ato da peça teatral, a presidenta
honesta foi deposta, no segundo o presidente corrupto foi mantido. Se não
formos para a rua, os cegos seremos nós. O sistema jurídico brasileiro está tão
falido quanto o político.
No livro de Saramago, apenas uma
personagem não foi atingida pela cegueira branca que, como uma doença, se espalhou
de forma contagiosa. Ela pôde ver toda a barbaridade e indiferença de uma
população, que aos poucos passou a agir de forma desordenada. A acusação, feita
de forma heroica pelo Ministro Herman Benjamin, mostrou que ele ainda possui visão
em meio a tanta cegueira. E de seu lugar do plenário pôde ver a forma vil como
seus pares trataram a Justiça do país.
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