Temer é culpado. As provas,
apresentadas na delação de Joesley Batista, não deixaram dúvidas sobre a
procedência das denúncias apresentadas pelo Ministério Público. No entanto, a
aprovação do processo pela Câmara será muito mais que um julgamento baseado nos
autos. Impossibilitado pelas próprias circunstâncias de convencer o mais
ingênuo dos parlamentares de sua inocência, Temer adota mais uma vez o lado
mais espúrio da política e abre os cofres para comprar apoio. Esse mercado
negro de votos é feito com dinheiro público e à luz do dia.
Se nos primeiros 5 meses de
governo, Temer havia liberado 959 milhões em emendas parlamentares para
deputados e senadores, apenas no mês de junho esse valor foi de 4,2 bilhões de
reais. Ou seja, após a denúncia de Joesley, em apenas um mês, o valor foi mais
de 400% superior de todos os outros meses do ano somados. O nexo de casualidade
fica mais que óbvio. Na Câmara, onde o presidente precisa de 342 votos para
impedir que o processo siga no STF, foi onde houve a maior concentração de
recursos. Apenas Jair Bolsonaro (PSC-RJ), o deputado campeão de emendas, foi
contemplado com um montante de 18,5 milhões de reais, no primeiro semestre.
O uso de recursos provenientes de
emendas parlamentares não é ilegal, mas se utilizados com fins claros de compra
de votos, torna-se claramente imoral. Os valores são provenientes de emendas ao
orçamento de 2017 e de restos a pagar. Ou seja, dinheiro público sendo usado
para livrar um presidente corrupto da cadeia. A falta de pudores chegou a um
nível tal, que a negociação é feita a luz do dia, para quem quiser ver. Não
existe ao menos tentativas de disfarçar a operação de venda de apoio no mercado
negro do salão verde.
Mas quanto custa o apoio de um
deputado? Aqueles que têm valores não poderão ser comprados, mas esse tipo é
raridade na Casa do Povo. Seria realmente um grande paradoxo se a mesma Câmara
que destituiu uma presidente legítima por pedaladas fiscais absolvesse um
presidente sabidamente corrupto. A
população não pode admitir que Temer escape de acusações tão sérias comprando apoio
com dinheiro público. Toda atenção aos movimentos de nossos parlamentares, ou a
conta sairá cara demais para o Brasil.
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