Marina Silva tem uma biografia
digna dos grandes líderes políticos. A acreana, filha de um seringueiro e de
uma dona de casa, conheceu de perto a pobreza, trabalhou como doméstica e foi
alfabetizada apenas aos 16 anos. Foi eleita Senadora, nomeada Ministra de Lula
e foi candidata à Presidência. No entanto, Marina tem cometido um grave erro: fala
quando deveria se calar e se cala quando deveria se pronunciar. Se omitiu sobre
Mariana, mas declarou apoio público ao impeachment e às reformas de Temer. Não
há história que sobreviva com um final tão melancólico.
Marina militou ao lado de Chico
Mendes e foi candidata pelo PT ao seu lado em 1986. Ela sempre fez questão de
adotar a causa ambiental como seu principal lema político. No entanto,
quando o rompimento da barragem em Mariana/MG causou
danos irreversíveis à natureza e à população local, sendo o maior desastre
ambiental da história, Marina emitiu um silêncio ensurdecedor. Só se pronunciou
após sofrer muita pressão da mídia e de seus eleitores. Marina não podia militar
contra a Samarco pois devia estar muito ocupada cuidando de seu partido
recém-criado. Ironicamente, um partido ambientalista.
Foi atuando justamente como líder
do Rede Sustentabilidade, que Marina cometeu um de seus mais decepcionantes
discursos. Ela defendeu que seu partido votasse a favor da deposição de Dilma
Rousseff. Grave, muito grave. Como pode Marina discursar sobre uma nova
política, se aliando ao que há de pior e mais retrógrado nela? Marina foi
apenas mais uma que defendeu, publicamente, o rompimento da ordem democrática e
um golpe no Brasil.
Após um discurso tão contundente,
era de se esperar que Marina passasse por um tempo de incubação. Desaparecesse.
Marina não foi vista criticando o governo que ajudou a chegar ao poder, nem os
casos de corrupção do PSDB. Marina saiu da toca, pasmem, para defender as
reformas trabalhista e previdenciária de Temer. O que a Marina, ainda
adolescente, trabalhadora braçal, ou, anos mais tarde, quando foi uma das
fundadoras da CUT no Acre, pensaria dessas declarações? Teria Marina
decepcionado a si mesma?
Marina já foi candidata a cargos
públicos por ao menos três partidos: PT, PV e PSB. Hoje é Persona non grata nas três agremiações. Tentará novamente chegar ao
cargo mais alto da República nas próximas eleições, dessa vez por um partido
que ela mesma fundou. Seu lema é romper com o modelo atual e fazer o que ela
denomina de “nova política”. Mas essa política está desgastada demais para ser
original. Infelizmente, foi a própria Marina que nos mostrou isso.
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