Não há dúvidas de que Temer está
morto. As gravações da JBS não deixaram pedra sobre pedra no Planalto. Diante
do inevitável, é necessário refletir sobre sua sucessão. Existe a possibilidade
de restaurar a ordem democrática surrupiada dessas terras há um ano. No
entanto, cresce um movimento “popular” que exige o “direito” de não escolher o
presidente. Com medo de que as urnas não confirmem seus anseios, desejam que o
congresso mais corrupto da história escolha o próximo Presidente. Um novo
acordo nacional vencendo a soberania popular.
Existem ao menos duas
possibilidades de defrontar a vacância iminente do cargo mais importante do
País. A primeira delas é via Justiça Eleitoral. Caso a chapa Dilma/Temer seja
cassada pelo TSE, as eleições serão diretas, graças à minirreforma eleitoral de
2015. Ponto para a democracia. Ironicamente, esse processo, levantado pelo
PSDB, surgiu justamente para atentar contra a ordem democrática, visando
derrubar Dilma, caso o impeachment não passasse no Congresso. Nesse caso,
todos, contra ou a favor da democracia, iriam às urnas escolher o candidato
favorito da nação.
Acontece que na outra possibilidade (renúncia ou
impeachment) a Constituição – em seu atual texto – declara que o Congresso
realizará eleições indiretas na forma da lei (ainda não editada). Na prática
veremos um parlamento atolado até o pescoço em corrupção, ávido por escapar da
cadeia, escolher o próximo comandante da nação. Amarrar cachorro com linguiça.
O remédio para tal disparate já existe e está em tramitação: a PEC 227/16
altera o texto para termos eleições diretas. Mas como foi falado, parte da
população se manifesta contra. Possuem mais medo da própria soberania popular
do que de uma quadrilha organizada de terno e gravata.
O apoio popular é o único meio capaz de pressionar deputados
e senadores para que aprovem essa PEC em tempo útil. Não se pode, por temer a
vitória de determinado candidato, abrir mão do nosso direito mais essencial,
daquilo que nos faz uma democracia e que ainda nos difere de uma ditadura
totalitária: o voto.
Em toda essa contagem, achei por
bem, não incluir aqueles que, mesmo sabendo das falcatruas desse governo estão
levantando de forma espontânea a bandeira do “fica Temer”. É esse mesmo pessoal
que diz por aí que “não defende bandido” e que pediu a cabeça de Dilma por
pedaladas fiscais. Prefiro ignorar. Aos demais espero que compreendam a
seriedade da situação, confiem no povo brasileiro e em seu candidato e revoguem
esse cheque em branco que pretendem dar a parlamentares que não representam a
população.
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