sexta-feira, 26 de maio de 2017

Parcialidade de Moro divide República de Curitiba



Aos amigos tudo, aos inimigos, a lei. Moro se negou a absolver Dona Marisa, mesmo após a sua morte. Não aceitou o pedido expresso – e bem fundamentado -  da defesa, e declarou apenas a “extinção da punibilidade”. O mesmo juiz, tão rigoroso com seus inimigos, preferiu absolver Cláudia Cruz, esposa de Eduardo Cunha, que mantinha mais de um milhão de dólares em uma conta na Suíça. A polêmica decisão gerou desconforto até mesmo na, até agora, harmônica República de Curitiba. Moro, normalmente idolatrado, foi publicamente ironizado por um membro da Força-Tarefa da Lava Jato.

O Procurador Carlos Fernando Lima não falou mais que o óbvio: o nível cultural de Cláudia permitiria que ela soubesse que os ganhos (legais) de um deputado não comprariam uma vida tão cara. Carlos, ao afirmar que iria recorrer da decisão, ironizou Sérgio Moro, dizendo que essa absolvição era fruto de seu “coração generoso”. A frase foi incisiva. Os autos não permitiriam uma absolvição com tantos indícios que já foram tornados públicos. Somente possuindo um coração enorme para acreditar que manter conta em paraísos fiscais e gastos tão exorbitantes (Cláudia chegou a gastar 17 mil dólares – o equivalente a 55 mil reais – em uma viagem de 2 dias a Paris) não configuram lavagem de dinheiro ou evasão de divisas.

Mas Moro não é sempre tão generoso. Como no caso de Marisa, o juiz pode ser frio e impiedoso. A diferença de tratamento entre Cláudia e Marisa apenas revelou mais uma vez os critérios, nem sempre equânimes, utilizados pela primeira instância de Curitiba. Benevolente quando precisa e implacável quando quer. Vaidoso, Moro sempre se embebedou na ilusão de ser amado e sancionado por todos os brasileiros. Mas, uma crítica proveniente da própria Operação Lava jato, deixa claro que existe forte reprovação ao seu senso pessoal de justiça.

O argumento alegado para livrar a esposa de Cunha da cadeia foi a falta de provas. Não vamos esquecer isso. Em breve, Moro julgará Lula e algo me diz que seu coração pode não ser tão generoso. Temos que ficar vigilantes. Em um Estado de Direito ninguém está acima das leis. Nem mesmo um político, Membro do Ministério Público ou Juiz. Aos amigos e inimigos exigiremos o mesmo tratamento. E esperamos que as críticas acabem com a permissão branca de autoritarismo que os tempos pouco democráticos no Brasil concederam a alguns.


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